Sul em Movimento 

Na Região do Contestado cem anos depois



"A terra não pertence ao homem. O homem pertence à terra."

Máxima atribuída à liderança indígena Sealth em carta-resposta ao presidente norte-americano que propôs comprar as terras de sua tribo em 1854.

Fotos: Juliano e Pepe Pereira dos Santos
Texto: Rui Fernando da Silva Neto

Dois dias depois de tentar grilar área de agricultores das Comunidades Tradicionais dos Areais da Ribanceira, em Imbituba, a empresa Engessul reconheceu verbalmente que 27 hectares de terras nos arredores do Engenho de Farinha de Mandioca não fazem parte da reintegração de posse. Os outros 223 hectares já reintegrados pela empresa estão sendo investigados pela justiça em ação protocolada pelo Ministério Público Federal que reivindica todo o território para as Comunidades Tradicionais de agricultores e pescadores artesanais da região. Ainda assim o empresário insistiu para que os agricultores abandonem as terras.

Verbalmente os advogados da Engessul fizeram uma proposta que será avaliada pelos agricultores e pescadores artesanais organizados na Associação Comunitária Rural de Imbituba (ACORDI) em assembléia na próxima semana. Até lá o empresário prometeu parar com as hostilidades (circulação de capangas na área) e com as tentativas de avançar as cercas onde não deve. Pois na quarta-feira junto com oficial de justiça e Polícia Militar, serviçais da Engessul ousaram invadir com cercas terras que não estão dentro do mandado de reintegração de posse. Só foram parados pelo Movimento de Resistência que ocupa o Engenho de Farinha de Mandioca e demais instalações da ACORDI há 105 dias. Por isso ainda se tem negociação, senão já estaria tudo no chão e mandiocas seriam arrancadas pelos tratores.

Viva a resistência!

Debate sobre os Areais da Ribanceira toma conta da cidade

No dia 12 de maio uma Missa de Solidariedade a luta das Comunidades Tradicionais e Movimentos Sociais nos Areais da Ribanceira foi realizada e transmitida ao vivo em rádio da cidade de Imbituba. Na oportunidade os agricultores doaram 150 kg de farinha. Ao todo foram visitadas seis igrejas católicas e evangélicas e distribuída quase uma tonelada de farinha. Assim os bravos agricultores fazem a relação com a sociedade e continuam a ganhar apoio. Cada vez mais imbitubenses se solidarizam com a causa, assim como Movimentos Sociais que reconhecem a causa como da Classe Trabalhadora.

1 Respostas a “NEGOCIAÇÃO: Engessul reconhece que área pertence às Comunidades Tradicionais e ainda insiste para que o povo deixe a terra”

  1. # Blogger fael oliveira

    É triste saber que,o que os governantes de Imbituba chamam de "desenvolvimento econômico" tenha chegado a este ponto.Acredito que o desenvolvimento econômico é importante para cidade, só que mais importante que isso é o respeito ao ser humano.Há varias formas de se desenvolver econômicamente respeitando o bem estar da população, basta que os governantes usem o bom senso, infelizmente sei que isso é difícil, pois a atual administração nunca usou bom senso.Espero sinceramente que no fim o bom senso prevaleça e que a cidade possa se desenvolver respeitando o direito da população.

    At;
    Rafael josé de Oliveira
    graduando em sistemas de informação.  

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(Ɔ)  Sul em Movimento. Todos os direitos reversados! É livre e estimulada a reprodução para fins não comerciais, desde que o autor e a fonte sejam citados e esta nota seja incluída. Fotos: Pepe Pereira dos Santos. Diagramação: Leandro Monteiro dal Bó. Textos: Rui Fernando Neto. Outros autores indicados no texto.